top of page

Caminho Francês

O Caminho Francês é o itinerário jacobeu com maior tradição histórica e o mais reconhecido internacionalmente. É também o caminho mais longo. O seu traçado através do norte da Península Ibérica iniciou no final do século XI, graças ao labor construtivo e de promoção de monarcas como Sancho III o Maior e Sancho Ramírez de Navarra e Aragón, assim como de Afonso VI e os seus sucessores.

 

As principais vias deste Caminho na França e na Espanha foram descritas com precisão em 1135 no Códex Calixtinus, livro fundamental jacobeu. O Livro V deste códice constitui um autêntico guia medieval da peregrinação a Santiago. Nele especificam-se os traços do Caminho Francês desde as terras galas e informa detalhadamente sobre os santuários da rota, a hospitalidade, as gentes, a comida, as fontes, os costumes locais, etc. Tudo está escrito com a síntese e a clareza necessárias para uma resposta prática a uma demanda concreta: a peregrinação a Santiago.

 

Este guia, atribuido ao clérigo francês Aymeric Picaud, evidencia o desejo político-religioso por fazer promoção do santuário de Compostela e facilitar o acesso até ele. Quando este livro foi feito, o Caminho Francês e as peregrinações alcançam o seu máximo apogeu e maior afluência, se excluímos o momento atual. Santiago converte-se na meta de peregrinos procedentes de todo o orbe cristão.
 

O apogeu das peregrinações ocorreu nos séculos XII e XIII. As quatro principais rotas tiveram origem neste período. Mesmo partindo de pontos diferentes, todas entravam na Península Ibérica através dos Pirineus, que fica no sul da França. A partir de Puente la Reina o trajeto é o mesmo, com exceção de alguns ramais secundários. A rota moderna mais comum se inicia em Saint-Jean-Pied-de-Port, na França. Com o passar dos séculos e os avatares políticos e religiosos europeus, o itinerário físico do Caminho Francês perdeu peso específico. A partir do século XIV, houve uma sensível redução de peregrinos que se aventuravam pelo Caminho. Porém, no século XX o Caminho de Santiago foi "ressuscitado" e voltou a ser umas das principais rotas religiosas da história, quando surgiu um renovado interesse pela temática jacobeia, e esse interesse continuou até a segunda metade deste século.

 

O Caminho Francês adquire um traçado preciso na França através das quatro vias principais já descritas no Códex Calixtinus. Três destas rotas (Paris-Tours, Vézelay-Limoges e Le Puy-Conques) entram na Espanha por Roncesvalles, em Navarra, enquanto a quarta (Arles-Toulouse) entra pelo porto de Somport e continua até Jaca, em terras de Aragón. O itinerário de Roncesvalles, que atravessa a cidade de Pamplona, une-se com o aragonês em Puente la Reina (Navarra). Desde Puente la Reina, o Caminho Francês mantém um único itinerário que atravessa localidades e cidades do norte da Espanha tão significativas como Estella, Logroño, Santo Domingo de la Calzada, Burgos, Castrojeriz, Frómista, Carrión de los Condes, Sahagún, Leão, Astorga, Ponferrada e Villafranca del Bierzo. Então, o Caminho Francês entra na Galiza pela comarca do Bierzo.

 

Em resumo, existem vários caminhos que levam à Santiago de Compostela, e eles se espalham por toda a Europa e se encontram nos caminhos espanhóis. Com exceção das várias vias do Caminho Português e do Caminho da Prata, do qual uma variante atravessa o nordeste de Portugal, que têm origem ao sul, e do Caminho Inglês que vinha do norte, a maior parte liga-se ao Caminho Francês.

 

Atualmente, é comum encontrar os peregrinos modernos que percorrem o Caminho de carro ou bicicleta, ou simplesmente aqueles que visitam a Catedral e o túmulo do Apóstolo São Tiago. 

 

No Brasil, a popularização do Caminho deve-se principalmente ao escritor Paulo Coelho, que lançou o livro O Diário de um Mago. Nesta obra, o autor narra as experiências místicas vivenciadas em sua peregrinação em 1989. Além de Paulo Coelho, a cantora Baby do Brasil escreveu Peregrina – Meu Caminho no Caminho, onde também é descrita sua trajetória até Compostela.

 

O Caminho de Santiago possui - em sua maior parte - um aspecto medieval. As catedrais góticas e românicas, mosteiros e capelas, castelos e aldeias celtas distribuem-se ao longo do percurso. Durante todo o percurso, existem albergues instalados em velhas construções medievais, destinados especialmente a atender os peregrinos. Além de hotéis, pousadas, e os próprios habitantes que cedem suas casas como abrigo. 

bottom of page